segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A Consciência e o Universo Holográfico

"Sente-se diante dos factos como uma criança e prepare-se para sacrificar todas as suas noções pré-concebidas. Prossiga humilde por toda a parte e por todos os abismos a que a Natureza o levar; caso contrário não aprenderá nada."
T. H. Huxley

         Nós, o ser humano, somos consciência infinita que se experencia a si própria nesta linha de tempo e espaço. O nosso corpo não é nada mais, nada menos do que um veículo que nos permite experenciar esta realidade em concreto e nós somos a imaginação de nós mesmos. Mais à frente apresento provas que comprovam estes factos, recorrendo a um excelente escritor que acompanhou os estudos científicos de duas mentes brilhantes da física quântica e da neurologia; criadores do modelo do universo holográfico.


         Portanto tal como diz Stephen Covey, "não somos seres humanos numa viagem espiritual. Somos seres espirituais numa viagem humana." Precisamente! Toda a matéria existente no universo é na realidade energia condensada que opera através de infinitas ondas de frequência; a forma como percepcionamos essas frequências prende-nos nesta realidade tri-dimensional. Julgamos ver tudo e saber tudo, quando na verdade apenas conseguimos ver o espectro de luz que representa 3% do total de matéria existente no universo. Fora do que conseguimos visualizar estão as frequências dos raios y, raios x, ultra-violetas, infra-vermelhos, micro-ondas, as ondas de rádio AM e FM e as ondas de rádio longas. E isto é o que sabemos através da "ciência convencional", ou seja, muito pouco ainda; acredito que existem infinitas frequências que ainda não foram descobertas e que - como todas as outras - ocupam o mesmo espaço. A nossa consciência prende-se a um corpo físico de forma a poder experenciar esta realidade, e portanto, fica apenas sintonizada para essa gama de frequência: o espectro de luz visível. Explico-me melhor desta forma: imagine que está a ouvir a TSF na rádio. O que na realidade está a ouvir é uma frequência (a frequência de rádio FM) e a percepcioná-la como som através da sua audição. À sua volta existem inúmeras ondas de rádio partilhando o mesmo espaço; no entanto não as consegue ouvir porque está sintonizado em específico para a TSF. Esta é uma boa analogia para explicar o que a nossa consciência faz com o corpo físico, sintonizando-se para o espectro de luz visível e deixando de se aperceber de todas as outras frequências existentes à sua volta. Os animais, como por exemplo os gatos, são capazes de percepcionar outras frequências para além do espectro de luz visível. Nunca lhe sucedeu ver um gato a tentar desesperadamente atacar o ar? Poderá até comentar que o gato está louco, quando na verdade ele está a interagir com algo que ali está mas que você não consegue ver porque está preso a esta gama de frequência. Por razões ainda sem explicações concretas, algumas pessoas têm a habilidade de abandonar por momentos esta gama de frequência e observar outras; isto explicaria todas as histórias de visões fantasmagóricas. Na realidade o ser humano não vê, percepciona. Como pode dizer que uma parede é sólida quando na verdade sabe que é composta por átomos que são tudo menos sólidos? No filme Matrix a personagem Morpheus pergunta a Neo: "Como defines o que é real? Se falas do que podes ver, cheirar, ouvir, tocar ou saborear então o real são apenas sinais eléctricos interpretados pelo teu cérebro." Esta frase não poderia estar mais correcta; se analisar o processo de visualização verá que nem sequer vemos os objectos mas sim a luz que é reflectida através deles, bem como a qualidade da luz que é reflectida (a cor). E ao pesquisar mais fundo neste tema, verá que o acto de visualizar é em muitos aspectos matematicamente impossível. Porquê? Porque como Barkley nos diz, apenas conseguimos ter contacto directo com a realidade através dos nossos 5 sentidos. E a nossa visão não depende só de nós, mas também das cores dos objectos, da sua posição em relação a nós e da sua capacidade de reflectir pouca ou muita luz. Essa luz reflectida no objecto sob a forma de fotons faz contacto com a córnea e na retina é convertida em sinais eléctricos que são enviados para uma zona posterior do cérebro com apenas poucos cm3 onde a imagem captada é rodada (a retina capta a imagem de pernas para o ar) e onde 50% da informação da imagem captada (que agora existe sob forma de sinais eléctricos) é alterada pelo seu cérebro de forma a se adequar à sua realidade. O que isto explica? Explica porque vemos uma parede sólida quando na realidade sabemos que é impossível de o ser. A pergunta que invade a sua mente neste momento é: se sou consciência infinita sob a forma de energia, o que é esta cidade, país, continente, mundo, planeta, universo e galáxia? É neste ponto que entra a explicação do modelo do universo holográfico.




"Nada parece o que é, senão o que é não o seria. E da mesma forma, o que é não é. Percebe?"
Alice no País das Maravilhas

         O universo holográfico é um modelo que explica muitos aspectos nas áreas de experiências pessoais e ciências. Foi desenvolvido por dois homens: o físico e protegé de Einstein David Bohm da Universidade de Física de Londres e Karl Pribram, um neurocientista da Universidade de Stanford.
         O facto mais interessante é que estes dois homens trabalharam independentemente. Pribram estava a estudar a memória e descobriu que existem provas de que o cérebro opera holograficamente. Nos anos 20, o neurocirurgião canadiano Wilder Penfield achou que tinha encontrado uma forma de provar que as memórias estavam alojadas numa parte específica do cérebro; isto porque ao operar o cérebro de pacientes epilépticos estimulava electricamente várias áreas da das suas células cerebrais. Para sua surpresa, descobriu que quando estimulava os lobos temporais dos seus pacientes, estes re-experimentavam lembranças de episódios passados da sua vida em vividos detalhes. Esta teoria ficou bastante conhecida e foi aceite por toda a comunidade científica; chegando-se até ao ponto de dar um nome a estas lembranças encriptadas nessa zona do cérebro: engramas. E fizeram-no sem saber da sua existência, porém a sua teoria era tão credível que achavam ser muito difícil não serem descobertos "engramas" nos próximos tempos. Pribram juntamente com o neuropsicólogo Karl Lashley descobriu que a coisa não funcionava bem assim. O que Lashley fazia era treinar ratos para realizar uma variedade de tarefas, como por exemplo, percorrer um labirinto. Depois removia cirurgicamente várias porções dos cérebros dos animais e voltava a testá-los. Descobriu que, para sua surpresa, não conseguia erradicar a memória dos ratos seja qual fosse a porção do cérebro que retirasse. Mesmo com enormes porções do cérebro removidas, o rato continuava com as suas memórias intactas. Isto foi a ideia inicial que levou Pribram a considerar que as memórias estavam espalhadas por todo o cérebro, e que este só poderia funcionar holograficamente devido a uma propriedade muito incomum que será falada mais á frente.
         Bohm estava a estudar física subatómica e descobriu que a um nível subatómico a fábrica da realidade parece possuir propriedades que vemos nos hologramas.
         Seguindo a lógica, ao juntar estas duas ideias parece que o cérebro funciona da mesma forma que um holograma; mais tarde chegou-se à conclusão de que o universo também é uma espécie de holograma, não literalmente um holograma, mas essa é uma boa metáfora e uma boa forma de entender o universo. Talbot explica no programa de televisão "Thinking Allowed" esta afirmação: "Com isto quero dizer que no seu núcleo a realidade poderá ser bem mais plástica e mutável - tal como uma imagem - do que uma construção sólida como este mundo em que vivemos feito de terra e pedra. Existem outras implicações, uma delas é que um holograma tem uma particularidade invulgar. Se manipular um rolo que tenha uma imagem holográfica embutida, não a consegue ver a olho nu. Tem de reconstruir essa imagem passando um laser através dela. Então se tem uma imagem de uma rosa encriptada nesse filme ao passar o laser ganha uma imagem tri-dimensional da rosa no lado oposto. Se cortar esse rolo a meio e passar um laser em cada metade terá uma rosa inteira em cada pedaço, o que é propriedade muito invulgar e que bebe bastante da nossa imaginação. Então, se cortar em 4 pedaços tem 4 rosas, se cortar em 8 tem 8 rosas. Concluindo, o universo é um holograma no sentido em que literalmente podemos encontrar o universo num grão de areia; pois cada porção do universo contém informação do todo." Tal como funciona a memória! É importante referir que as imagens holográficas que estão aqui a ser discutidas não se referem aquelas populares, encontradas em caixas de cereais e que são visíveis a olho nu. Ao observar um rolo fotográfico com uma imagem holográfica embutida o máximo que iremos ver serão pequenos círculos imperfeitos chamados padrões de interferência. A realidade num holograma pode então ser manifestada de duas formas: como uma imagem concreta ou um indecifrável nevoeiro de energia. E isto é uma analogia recorrente; quando assistimos televisão a imagem chega-nos de duas formas: uma como imagem concreta e a outra como um nevoeiro de ondas de rádio que invadem a nossa sala de estar. Se o universo é um holograma isso sugere que existem duas formas diferentes de percepcionar a realidade: a realidade concreta que vemos ao olhar para cadeiras, árvores, nuvens, edifícios ou até mesmo o nosso corpo. São apenas uma forma de a realidade se manifestar. A um nível mais profundo tudo se dissolve num mar de energia que está holograficamente interligada, pois o todo do universo está contido em cada porção sua.



"Não é que o mundo das aparências esteja errado, nem que não existam objectos lá, em nível de realidade. É que, se você penetra o universo e o vê como um sistema holográfico, chega a um ponto de vista diferente, a uma realidade diferente. E essa outra realidade pode explicar coisas que até então permaneceram inexplicáveis cientificamente: os fenómenos paranormais, sincronicidades, a coincidência aparentemente significativa de eventos."
Karl Pribram

         Esse facto implica que a noção de que caminhamos todos os dias pensando que estamos separados uns dos outros, de que o café dentro do copo está separado do copo... é - sem sombra de dúvida segundo Talbot - artificial. Dizendo de seguida que "Bohm insiste muito neste aspecto, e é uma noção muito importante. Na nossa forma de pensar, estamos tão presos a uma ideia que quando chegamos à altura de criar um conceito como o de maçã ou electrão, por exemplo, esquecemos-nos de que os termos conceptuais que utilizamos (as palavras) para descrever a realidade apenas existem na nossa cabeça. Na maior parte das vezes isto torna-se num debate filosófico, mas quando se chega à física quântica - e esta é uma das razões pelas quais Bohm surgiu com o conceito de universo holográfico - começa a ter efeitos estrondosos. Um desses efeitos é que foi descoberto que se pegarmos em duas partículas subatómicas, como os electrões, o que fazemos a um afecta sempre o outro - independentemente do sítio onde esteja. Faz lembrar aquelas histórias de gémeos que sentem dor quando o outro também a sente. O problema é que não conseguimos encontrar nenhum processo, conhecido da física, que explique como eles conseguem enviar sinais de um lado para o outro. Muitos peritos dizem que teria de ser um sinal que viajasse mais rápido do que a velocidade da luz, mas isso seria pouco pois o sinal teria de ser instantâneo. E a teoria da relatividade de Einstein diz que não podem existir sinais instantâneos senão violaríamos a barreira do tempo e poderíamos telefonar ao nosso tetra-avô e ter uma conversa com ele. Para muitos físicos esta é uma ideia complicada demais para incorporar numa imagem credível da realidade. Mas Bohm explica-o de outra forma, muito interessante por sinal. Imagine que tem um aquário e lá dentro encontra-se um peixe a nadar. Tem uma câmera a filmar a zona frontal do aquário e outra câmera a filmar a zona lateral do aquário. Dois monitores exibem então as imagens, um a frontal e outro a lateral. Imagine ainda que vem de uma cultura que nunca viu aquários, nunca viu câmeras ou monitores; a única coisa que percebe são as duas imagens que são mostradas nos monitores (uma visão frontal do peixe e outra lateral do peixe). Como não conhece a realidade mais profunda (a do aquário) poderá assumir que são duas coisas em separado - dois peixes diferentes. Mas sempre que um mexe o outro fará o movimentos correspondente. Poderá então chegar à conclusão de que um peixe poderá estar a fazer sinais ao outro - dizendo, faz isto e faz aquilo - instantaneamente. Bohm assume que é isto que se passa connosco ao analisar as partículas subatómicas. Assumimos que sabemos o que se passa mas na realidade as coisas não são nada assim. A um nível mais profundo, a um nível holográfico da realidade, cada partícula do universo acaba por ser uma só unidade cósmica. Não fazem sinais nenhuns uns aos outros, são como esse peixe no aquário. O que isso significa é que não existe separação entre electrões. Não existe separação entre pessoas. E isto tem todos os tipos de implicações muito constrangedoras. Sempre tentámos entender o fenómeno psíquico: como é possível eu retirar informação da sua cabeça e você da minha. Poderíamos pensar que estaríamos a enviar sinais um ao outro. Mas se vivemos num universo que está organizado de forma holográfica, não temos de pensar dessa forma. Eu tenho o universo inteiro em cada neurónio, célula, átomo e electrão na minha cabeça. E se conseguimos aceder a isso, conseguimos aceder a informação que parece estar fora da nossa capacidade de entendimento."



         Tal como Michael Talbot escreve no seu livro 'O Universo Holográfico'"Uma das afirmações mais surpreendentes de Bohm é que a realidade tangível da vida quotidiana é realmente uma espécie de ilusão, como uma imagem holográfica. Subjacente a ela existe uma ordem de existência mais profunda, um nível de realidade mais fundamental e vasto que gera todos os objectos e manifestações do nosso mundo físico, do mesmo modo que um pedaço de filme holográfico gera um holograma. Bohm chama a este nível mais profundo de realidade de ordem envolvida (que significa vedada) e que se refere ao nosso nível de existência como ordem exposta ou revelada."


Cumprimentos de um amigo pensador livre,
O Fantasma

Fontes:
1.Talbot, Michael - O Universo Holográfico (Círculo do Livro, 1991)
2.Talbot, Michael - Entrevista (Thinking Allowed)
3. Lotto, Beau - Ilusões Ópticas (Conferência TED)


Entrevista a Michael Talbot no programa"Thinking Allowed":


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